Perguntas frequentes sobre ansiedade

Falar sobre ansiedade sempre gera muitas dúvidas e divide opiniões. É preciso tratar? É uma doença psicológica? Se tenho alguns sintomas, estou doente? Veja todas as respostas a seguir!

Por mais que se fale muito sobre a ansiedade, infelizmente ainda falta informação sobre a necessidade de cuidados e tratamento, evidenciando que falta conscientização por parte de uma parcela população. Falar sobre este tema é importante e urgente: está entre as 10 causas mais frequentes de afastamento do trabalho, com um aumento de 17% nos casos registrados nos últimos 4 anos.

Quem tem curiosidade e começa a procurar, facilmente encontrará artigos sobre os principais sintomas da ansiedade. Mas, daí, advém outras perguntas, que sem as respostas adequadas, só servem para atrasar a busca por apoio profissional e o tratamento adequado, comprometendo a saúde e qualidade de vida da pessoa.

A psicóloga Maitê Hammoud tratará de, ao longo deste artigo, de esclarecer as dúvidas mais frequentes. Acompanhe!

1) Afinal, o que é ansiedade?

Ansiedade nada mais é do que temer o futuro; um medo permeado por pensamentos pessimistas, ou até mesmo pela espera de realizações positivas. A ansiedade condiciona a pessoa a sempre sentir-se inquieta ou ameaçada por algo que irá ou poderá ocorrer. Acaba levando a pessoa a deixar de desfrutar o presente momento, por estar submersa na velocidade dos pensamentos direcionados ao futuro.

2) Ansiedade é uma doença?

Sim! Mesmo nos dias atuais, ainda existe um grande preconceito em relação à ansiedade. Sua identificação e diagnóstico são realizados com base nos relatos do ansioso, nos quais são investigadas as formas das manifestações de sintomas físicos, gatilhos, frequência, fatores que permitam descartar que os sintomas não são decorrentes de outras causas orgânicas, entre outras variáveis.

Por ser considerada uma “doença invisível”, ou seja, que não aparece em exames de sangue, raio X ou ressonâncias magnéticas, uma infinidade de pessoas tende a considerar o transtorno uma “frescura”, ou não dão a devida atenção a necessidade do tratamento.

Ansiedade é, sim, uma doença, e está incluída na Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID), assim como qualquer outra “doença visível”.

Perguntas frequentes sobre ansiedade

3) Ansiedade está sempre associada a mal-estar, falta de ar e temor pela morte?

Não necessariamente. Os quadros de ansiedade possuem diferentes formas e graus de manifestação. Em alguns casos, onde os sintomas físicos são absolutamente perceptíveis, associar ansiedade a essa imagem de intenso mal-estar seria correto.

Mas, na grande maioria das vezes, o ansioso sofre principalmente com questões internas, que nem sempre são perceptíveis a terceiros. Questões que são absolutamente intensas e prejudiciais, estando vinculadas aos episódios de taquicardia, angústia, pensamentos pessimistas, pensamentos persistentes e intrusivos, entre outros.

4) Ansiedade é uma doença psicológica?

Não. Ansiedade é uma doença psicossomática, ou seja, que pode ter origem emocional ou orgânica, e, independente de sua origem, afeta tanto o corpo quanto a mente. Por esse motivo, o tratamento que vem se demonstrando mais eficaz é o tratamento multidisciplinar, no qual existe acompanhamento e suporte tanto do psicólogo quanto do médico psiquiatra.

5) Me identifico com a maioria dos sintomas, mas não me sinto doente. O que quer dizer?

Muitas pessoas se identificam com os sintomas da ansiedade e ficam surpreendidas com isso, até mesmo preocupadas. Especialmente, porque não percebem prejuízos significativos na sua rotina. Esta sensação pode ter duas explicações:

  • Por um lado, o fato de que o que difere o normal do patológico, diagnosticando a doença, é sua intensidade, frequência e proporção dos sintomas e respectivos prejuízos. É comum manifestar alguns deles em situações pontuais sem caracterizar qualquer transtorno, tornando a avaliação profissional absolutamente necessária.
  • Por outro lado, o fato de a ansiedade poder estar tão presente ao longo da vida da pessoa, faz que ela nunca tenha se imaginado diferente, nem entendeu aquele funcionamento psíquico e físico como prejudicial ou inadequado, sinalizando a urgência na busca por ajuda profissional.

6) Afinal, qual a diferença entre ansiedade e transtornos de ansiedade?

A ansiedade pode desencadear 15 tipos de transtornos diferentes, que são motivados por sua evolução e agravamento diante da ausência de tratamento (quando aparecem as primeiras manifestações) ou por eventos traumáticos e estressores.

Portanto, é importante entender que a ansiedade demanda tratamento em qualquer tipo de manifestação, seja se enquadrando em algum transtorno ou não. O diagnóstico possui muito mais relevância para o médico e psicólogo do que para o paciente. Para o médico, permite o estabelecimento de um plano medicamentoso adequado, a investigação de questões específicas, considerando agravantes e dando recomendações. Para o paciente, não se trata de enquadrar-se dentro de um padrão, mas sim otimizar sua saúde e qualidade de vida.

7) Devo procurar um psiquiatra ou psicólogo?

Como citamos anteriormente, por ser uma doença psicossomática, o tratamento mais eficaz é o acompanhamento multidisciplinar. Portanto, a busca por qualquer um desses profissionais resultará (pelo menos deveria) na avaliação e indicação de um tratamento complementar.

Vale ressaltar que, na presença de sintomas físicos recorrentes e intensos, preferencialmente inicie a busca pelo médico, até por medidas preventivas, caso os sintomas não sejam decorrentes de ansiedade, mas sim de outros aspectos da saúde que necessitam de medidas de urgência.

8) Crianças também podem sofrer de ansiedade?

Sim. Crianças não estão livres de manifestar e sofrer com sintomas de ansiedade. Alguns transtornos não são diagnosticados em crianças, considerando as etapas de seu desenvolvimento, mas isso não quer dizer que elas não estejam aptas a sofrer de ansiedade ou demandar tratamento. Pelo contrário, o transtorno de ansiedade de separação, por exemplo, é mais frequente em crianças do que em adultos.

9) Para começar a terapia com um psicólogo, preciso passar por um médico?

Para o agendamento de consultas particulares, não. Porém, tanto na rede de saúde pública quanto na utilização de convênios de saúde, sim. O médico, ao fornecer uma guia de encaminhamento, direcionará o paciente:

  • pela rede pública: o paciente será encaminhado para unidade de referência de sua região que possua atendimento psicológico;
  • pelo convênio: serão liberadas de 18 a 40 sessões, conforme normativas do convênio e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), se guiando pelo número de CID que o médico prescrever na guia de encaminhamento.

O indicado é que, nos casos de ansiedade, a avaliação e encaminhamento seja realizado pelo médico psiquiatra, por se tratar da especialidade médica que trata especificamente da saúde mental. Porém, a guia de encaminhamento pode ser fornecida por qualquer especialidade médica.

Perguntas frequentes sobre ansiedade

10) É possível se curar da ansiedade com métodos alternativos, como esportes ou meditação?

Para graus leves de ansiedade, suportes paliativos e alternativos, como esportes e meditação, podem, sim, trazer benefícios, e até mesmo acabar com os sintomas. Mas, em sua grande maioria, substituir o acompanhamento profissional por recursos alternativos, apenas favorece a evolução do quadro, aumentando as chances de prejuízos.

Reforçamos que ansiedade é uma doença, e que pode desencadear inúmeros prejuízos físicos e psíquicos, além de ser um enorme empecilho no desfrute e conquistas da vida. Por isso, as recomendações estão sempre voltadas para o tratamento e acompanhamento multidisciplinar, com a seriedade que necessita.

Recursos alternativos podem agregar ainda mais valor ao tratamento e favorecê-lo, mas não o substitui.

11) Fui no psiquiatra, mas perdi a confiança porque me receitou antidepressivos. Isso é normal?

A manifestação dos sintomas físicos costuma ser decorrente de alterações em alguns neurotransmissores, que por seu funcionamento inadequado costumam enviar mensagens equivocadas para outras partes do corpo. Antidepressivos são os medicamentos que costumam corrigir tais falhas.

A maioria das pessoas costuma discordar da escolha do médico quanto ao plano medicamentoso, fazendo pesquisas por conta própria ou investigando as bulas dos medicamentos. Na visão de um leigo, a ansiedade precisa ser tratada com ansiolítico (benzodiazepínicos); porém, é fundamental esclarecer que os ansiolíticos fornecem suporte imediato somente para o controle dos sintomas em um momento de crise, não tratando o que origina a ansiedade, as tais falhas nos neurotransmissores.

É por isso que costumam ser receitados ansiolíticos por um período curto, para o controle das crises, enquanto o medicamento principal, normalmente o antidepressivo, não alcança o efeito desejado, já que é um remédio com ação a longo prazo.


A ausência de tratamento pode ocasionar inúmeros prejuízos na saúde física e psíquica da pessoa, e interferir no funcionamento de sua rotina e meio social, sendo um verdadeiro efeito dominó de prejuízos. Não deixe de procurar ajuda.

Fotos: por MundoPsicologos.com

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Maitê Hammoud
maitehammoud@hotmail.com