Qual a diferença entre medo e fobia?
A fobia é um transtorno de ansiedade, que afeta mais pessoas do que se imagina. Mas, quais as diferenças entre o medo e a fobia? Como saber que o que se sente deve ser tratado?
A maioria das pessoas entende como fobia um estado de medo intenso. Chegam inclusive a estar familiarizados com os nomes das fobias mais populares: a aracnofobia (medo de aranhas), claustrofobia (medo de lugares fechados) e agorafobia (medo de lugares abertos que podem envolver multidões). Mas saberiam diferenciar o medo de um quadro de fobia?
A psicóloga Maitê Hammoud inicia hoje uma série sobre fobias, na que tentaremos abordar os quadros menos conhecidos, mas que igualmente atingem um grande número de pessoas. Antes de avançar, é fundamental diferenciar o que é fobia do que não é. Confira!
O que é o medo?
O medo é uma resposta natural e saudável de nosso organismo. Sua principal função é a preservação da vida. Na presença de estímulos que representam riscos ou perigos que ameaçam a vida ou integridade da pessoa, o organismo involuntariamente libera uma série de compostos químicos, mobilizando o corpo. Esses sinais de alerta levam a duas respostas principais: confronto ou fuga.
O que é a fobia?
A fobia é um transtorno de ansiedade que desencadeia medos persistentes e acentuados, diante da exposição ou da possibilidade de exposição a situações ou estímulos entendidos como ameaçadores. As respostas a esse quadro são desproporcionais, provocando desgaste e intenso sofrimento.
Algumas características costumam estar presentes nas manifestações dos quadros de fobia. São elas:
- A exposição ao estímulo temido desencadeia quase que imediatamente uma resposta de ansiedade. Daí vem os sintomas físicos característicos: taquicardia, vertigem, sudorese, mal-estar, falta de ar, tremores, fuga, desmaios, entre outros.
- As manifestações dos sintomas de ansiedade podem culminar em um ataque de pânico.
- Quem tem fobia costuma reconhecer seu medo como irracional e desproporcional. Mesmo assim, não conseguem controlar.
- É normal que o estímulo fóbico passe a ser evitado. O medo intenso interfere na rotina da pessoa, impactando estudos, trabalho e vida social.
- As manifestações de ansiedade podem acontecer antes mesmo que haja uma exposição àquilo que desencadeia a fobia, já que as preocupações com o futuro (próximo ou distante) são ameaçadoras.
É importante compreender que o medo intenso característico da fobia costuma persistir por mais de 6 meses. Quando isso ocorre, é fundamental procurar a ajuda de um profissional.
Além disso, vale lembrar que fobia pode ser desencadeada com ou sem a experiência de um evento traumático relacionado ao medo. A maioria das pessoas deixa de buscar ajuda por acreditar que, por nunca ter sofrido um trauma marcante com o estímulo estressor, não se trataria de fobia.
Quais os subtipos das fobias?
Os subtipos servem para agrupar as fobias segundo as classes de estímulos desencadeadores do medo. Os principais são:
- Animal: fobias desencadeadas por medo de aranhas, baratas, abelhas, borboletas, pássaros, sapos, ratos, animais selvagens, etc.
- Ambiente natural: fobias desencadeadas por fatores do ambiente natural, tais como tempestades, água, altura, raios, etc.
- Sangue-injeção-ferimentos: fobias desencadeadas pela exposição a sangue, ferimentos e diferentes procedimentos, como vacinas, injeções, coletas de sangue, transfusões de sangue, entre outros.
- Situacional: fobias desencadeadas por situações específicas que podem envolver uso de transportes coletivos, túneis, pontes, elevadores, aviões, dirigir, locais fechados, entre outros.
- Outros tipos: fobias desencadeadas por situações menos concretas, podendo envolver temor da morte, perda de sentidos, trajes, fantasias, envolvimentos afetivos, situações que possam levar à asfixia, ao vômito ou a contrações de doenças, etc.
Como tratar as fobias?
Estima-se que as primeiras manifestações de um quadro de fobia ocorram ainda na infância. Quando não é assim, costuma acontecer no início da vida adulta, com aproximadamente 20 anos de idade. As fobias são mais comuns entre mulheres, mas atingem a ambos os sexos.
Para tratar a fobia é altamente recomendado uma abordagem multidisciplinar, com médico psiquiatra e psicólogo. Isso porque, por se tratar de um transtorno de ansiedade, considerado psicossomático, os impactos e prejuízos afetam tanto a saúde física quanto a psíquica.
Para alguns casos, a terapia ocupacional também pode ser indicada, já que, dentre as atividades conduzidas pelo profissional, está o acompanhamento do paciente a locais em que há a presença dos estímulos temidos, o que a médio e longo prazo favorece sua confiança e permitem um processo de aprendizagem.