É errado ser uma Super Mãe?

O Dia das Mães está chegando e aproveitamos a data para lançar um debate: seria papel da mãe estar ao controle de tudo? Ou a mulher vem sofrendo pressões desmedidas?

Mãe, uma palavra pequena, de apenas três letras, que não só pode dar origem a inúmeros significados, como também ser sinônimo de muita alegria e realização. O porém está no fato de também poder significar sobrecarga e responsabilidades. Veja a seguir a reflexão da psicóloga Maitê Hammoud.

Sonho de muitas meninas e mulheres, ao nascer um bebê, nasce também uma mãe, cheia de sonhos, medos e sem qualquer manual de instrução para viver esta nova experiência e função, que é tão individual e singular com cada filho, cada família.

Muitas mulheres relatam que um filho preenche um vazio que sequer sabiam que existia. E sim, a maternidade pode ser maravilhosa, desde que você queira ser mãe e que entenda que o maior super poder de uma mãe é saber dividir e delegar.

Mulher, trabalhadora e mãe

As mulheres vêm conquistando cada vez mais espaço no mercado de trabalho, mudando estereótipos e, em muitos aspectos, confrontando-se com uma sociedade ainda tradicional e machista. Se, antes, a mulher aprendia a viver exclusivamente para a sua família e para o lar, hoje tem mais flexibilidade: faz parte do mercado, luta por poder, autonomia, valor e visibilidade, pode traçar diferentes objetivos e tem acesso a diferentes caminhos para sua realização pessoal.

Os objetivos sem limites podem ser enriquecedores e tentadores, porém algo dentro dessas super mulheres pode não ter acompanhado esta evolução. Por quê? Simplesmente porque muitas continuam cedendo às pressões (externas e próprias) de dar conta de tudo, acumulando funções e obrigações. Se nesse contexto colocamos a maternidade, é possível ela que não ela seja tão prazerosa como se deseja ou espera.

Algumas empresas, visando qualidade de vida, apoiam suas funcionárias, fornecendo flexibilidade de horários para que esta mãe não deixe de ser participativa na vida de seus filhos. Não é regra!

Outras mães encontram (ou cavam) essa oportunidade ao abrir seu próprio negócio, tratando de ganhar autonomia na maneira como concilia seu tempo. Mas é fato de que esta realidade só descreve o dia a dia de uma pequena minoria de mães.

A maioria delas vem enfrentando uma rotina exaustiva, com jornadas duplas ou triplas. É preciso conciliar sua vida profissional com a familiar e social: trabalho em tempo integral, estudos, função de esposa, tarefas do lar, criação dos filhos, etc. E acreditar em seus super poderes para ser uma super mulher ou super mãe pode ser traiçoeiro!

É errado ser uma Super Mãe?

Pare e reflita!

Este é o momento para você rever suas escolhas e investir melhor o seu tempo, para desfrutar dos benefícios da maternidade e da sua própria vida.

O acúmulo de funções e obrigatoriedades, que vem sendo transmitidos ao longo dos anos pelas gerações e sociedade, vem sobrecarregando a existência da mulher, com conceitos de que, para ser uma boa mãe, é necessário:

  • participar ativamente no orçamento da família,
  • providenciar refeições,
  • administrar tarefas domésticas da casa,
  • saber da localização de todos os pertences de seus filhos,
  • acompanhar anotações nas agendas escolares,
  • personalizar lembrancinhas nas festas de aniversário,
  • estar sempre presente nas consultas médicas,
  • manter a casa limpa e organizada.

E, como se não bastasse, ser capaz de se apresentar sempre com cabelos escovados e penteados, unhas feitas, andar bem vestida e ser feminina. Tudo isso num dia que tem 24 horas; como se a mãe/mulher fosse uma equipe, não uma única pessoa.

Os super poderes da super mãe/mulher têm um custo. Não há disposição física e bom humor que resistam a menos de 8 horas de sono diárias. Ninguém é capaz de realizar tudo o que foi listado anteriormente num piscar de olhos, muito menos sem que existam falhas, dificuldades e, até mesmo, prejuízos físicos ou emocionais.

É hora de olhar para sua saúde, super mãe! A sobrecarga física e emocional vem afetando cada vez mais as mulheres na atualidade, principalmente com quadros intensos de estresse, ansiedade e depressão, os quais impossibilitam o desfrute da maternidade e, até mesmo, o gozo dos prazeres da vida.

Você pode achar que todo esse investimento e sacrifícios são feitos pelos seus filhos, mas, para eles, mais importante do que a louça da janta estar lavada é receber uma demonstração de carinho, é poder compartilhar o dia a dia com você. É poder contar e confiar numa mãe menos estressada, é desfrutar do vínculo de mãe e filho com alguém integrante e disposta, é poder ter a mãe como exemplo de alguém que se sente feliz, realizada e radiante.

É errado ser uma Super Mãe?

Ajustando o foco

Frustrações e limitações sempre vão existir. O primeiro passo é reconhecer as suas, super mãe, para então fazer uma mudança de paradigma e começar a fazer uso de outros super poderes:

1) Delegue tarefas

As tarefas domésticas podem e devem ser feitas por todos que compartilham do espaço. Cada integrante da família tem que se responsabilizar por alguma tarefa.

Dividir e compartilhar é sinônimo de equilíbrio, ampliação do tempo para convívio, descanso e lazer. Desta forma, você otimiza os vínculos e a harmonia familiar.

2) Reserve um tempo para você

Nossa identidade e saúde emocional devem estar sempre em primeiro lugar para estarmos bem em qualquer relação, seja ela de amizade, esposa ou mãe.

Reserve um tempo exclusivamente para você, no qual possa fazer o que lhe dá prazer. Enquanto não estivermos em harmonia com nossos desejos, nunca será possível encontrar prazer nos outros aspectos da vida, como trabalho ou família.

3) Aceite erros e limitações

Muitas vezes sacrifícios e dedicação motivam uma rotina frenética, que normalmente encobre temores sobre não ser uma boa mãe, ser insuficiente, causar danos ou prejuízos emocionais.

Não existem caminhos, fórmulas ou certezas de sucesso em nenhuma relação, e isso também se aplica à maternidade. Porém, o que pode fortalecer o vínculo e harmonia na relação, é estar menos ocupada e mais livre para desfrutar.

Não se culpe quando não conseguir, não tente corrigir os erros de seus pais nas relações de seus filhos, respeite suas limitações e desfrute do melhor que você pode oferecer.

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Maitê Hammoud
maitehammoud@hotmail.com