Quais as diferenças entre labilidade emocional e bipolaridade?
Você já ouviu falar de labilidade emocional? Trata-se de um problema facilmente confundido com o transtorno bipolar. Se você quer saber mais sobre alterações de humor, confira este artigo!
O termo bipolar é conhecido pela maioria das pessoas, sendo utilizado principalmente para se referir a homens e mulheres que mudam bruscamente de humor. Mas, será essa a definição correta? É importante ressaltar que há uma grande diferença entre o que as pessoas pensam e o que realmente é o transtorno. A começar pelo fato de as oscilações bruscas no humor receberem outro nome: labilidade emocional.
Afinal, quais seriam as diferenças entre labilidade emocional e ser bipolar? Explicaremos a seguir os principais pontos a se considerar, com a ajuda da psicóloga Maitê Hammoud.
O que é labilidade emocional?
Sabe aquela pessoa que chega ao trabalho dando bom dia, com um enorme sorriso no rosto, e pouco depois está com a cara fechada? Que durante um encontro está se divertindo e, de repente, está de mal humor e decide ir embora sem dar chance para você entender o que pode ter acontecido? Ou alguém que está imensamente triste e, pouco depois, quando você pergunta se está melhor, parece que nada aconteceu? Ou ainda aquele que faz com que pequenos detalhes da rotina se tornem motivo para reações explosivas desproporcionais, gerando brigas e sérias discussões? Se você conhece alguém assim (ou se identificou), a labilidade emocional é bem familiar para você.
A labilidade emocional é caracterizada por uma grande flutuação no humor, e essa oscilação é constante. O humor da pessoa pode ir de um extremo ao outro ao longo do dia, ou até mesmo em questões de minutos. A labilidade, por si só, não representa transtorno algum, mas costuma estar presente em quadros de depressão, transtorno de personalidade borderline, alguns casos do transtorno afetivo bipolar, além de poder estar vinculada ao estresse e alterações hormonais como menopausa, hipotireoidismo, entre outros.
Quais os efeitos la labilidade emocional?
Quem tem labilidade emocional sofre um intenso desgaste, não apenas com as alterações bruscas de humor, mas também com a intensidade das emoções, velocidade com que elas se manifestam e, principalmente, por frequentemente estarem associadas à falta de controle da expressão de suas emoções, caracterizando alguém que se sente à flor da pele e costuma ser visto como dramático, imprevisível e explosivo.
E o transtorno bipolar?
O transtorno afetivo bipolar é um transtorno que vai muito além de alterações no humor. O bipolar oscila entre dois extremos de funcionamento conhecidos como mania e depressão. Além de a mudança entre os dois extremos não ser flutuante, como ocorre na labilidade emocional, as fases e episódios entre os dois extremos do bipolar possuem duração de semanas ou meses.
Os ciclos costumam enquadrar-se em critérios diagnósticos nos quais variam sua duração e intensidade (bipolar tipo I e II e ciclotimia), mas nele os extremos são vividos intensamente, oferecendo sérios prejuízos. A depressão é severa, representando inúmeros riscos à saúde e até mesmo o risco de suicídio, enquanto a mania que representa o outro oposto.
A mania é marcada por um episódio intenso de euforia, no qual o bipolar se coloca em perigo principalmente por sentir-se invencível e no topo do mundo, podendo, pela ausência de crítica, sem medir riscos e prejuízos, ficar vulnerável em situações perigosas, como dirigir de maneira imprudente, fazer investimentos insensatos, contrair dívidas por surtos de compulsão de compras e jogos de azar, contrair doenças sexualmente transmissíveis por indiscrição sexual, entre outros.
Labilidade emocional precisa ser tratada?
Apesar de não ser grave como o transtorno bipolar, a labilidade emocional precisa, sim, ser tratada. Ela não deixa de ser um sinalizador de que algo em você está demandando atenção e cuidados. Além disso, pode causar inúmeros prejuízos, em função do desgaste físico, mental e emocional. As principais manifestações costumam ser:
- Impactos na autoestima pela falta de habilidade de controlar as emoções, se arrependendo frequentemente de não ter tido capacidade de agir diferente em diversas situações.
- Comprometimento e ruptura de vínculos que levam ao isolamento ou ao temor de aprofundar relações. Isso por frequentemente ser mal compreendido diante de ataques explosivos, que podem magoar intensamente os demais envolvidos.
- Tomada de decisões impulsivas por influência da carga emocional, ocasionando o término de relações afetivas, ruptura de amizades ou abandonos de emprego sem que exista real necessidade e ficando vulnerável a arrependimento e prejuízos decorrentes de suas ações.
É importante destacar que a labilidade emocional pode estar vinculada à interpretação equivocada de estímulos neutros. Ao interpretar estímulos neutros como estímulos agressivos, perigosos e, até mesmo, violentos, a pessoa sente o meio em que vive de maneira estressante, e isso contribui para um estado de alerta constante, dificultando a interpretação, a vivência dos fatos de maneira simples e pouco invasiva, enfim, poder ter qualidade de vida e desfrutar das relações interpessoais.
Fotos: por MundoPsicologos.com