O que é personalidade evitativa?

O transtorno de personalidade evitativa vai muito mais além da timidez ou insegurança. Quando não tratado, pode ser a porta de entrada para quadros de ansiedade, fobia social e depressão.

Percebidos como pessoas inseguras ou altamente tímidas, quem sofre do transtorno de personalidade evitativa costuma carecer de informações sobre o diagnóstico. Exatamente por isso, deixam de buscar o tratamento adequado, e acabam por associar os sintomas do transtorno a traços comuns de sua personalidade. Quem explica melhor é a psicóloga Maitê Hammoud.

Infelizmente, a insegurança, timidez e baixa autoestima para essas pessoas vão além do padrão de normalidade, levando ao sofrimento e intenso desgaste, que desencadeia prejuízos nos diferentes setores de sua vida, e em sua saúde.

O transtorno de personalidade evitativa leva a pessoa a sentir-se retraída em eventos sociais e profissionais. Elas tendem ao isolamento, temendo críticas, desaprovação ou ser alvo de atenções. Por não suportar situações em que podem ser o foco, recusam oportunidades, como uma promoção no trabalho, mesmo sendo altamente capazes para o novo cargo.

O transtorno afeta homens e mulheres, manifestando seus primeiros traços ainda na infância. Porém, por serem compreendidos como traços de timidez, com expectativa de que diminua ao longo do desenvolvimento, dificilmente é iniciado o acompanhamento psicológico precocemente. Isso só serve para agravar o quadro e torná-lo mais intenso no início da vida adulta.

Características do transtorno de personalidade evitativa

Estes são os sinais e comportamentos que comumente podem ser identificados nas pessoas que sofrem do transtorno:

1) Baixa autoestima e alto nível de insegurança

Quem sofre desse transtorno, evita ao máximo atividades nas quais tenha que interagir com outras pessoas, principalmente temendo críticas e desaprovação. Na vida profissional, a esquiva dos trabalhos em equipe ou de aprofundar suas relações interpessoais é uma constante, enquanto na vida pessoal, os temores continuam presentes, fazendo com que a pessoa aceite convites para eventos mediante a certeza de que será recebido de forma positiva e acolhedora.

Por isso, frequentemente desmarca compromissos de última hora, e acaba se envolvendo em conflitos com amigos e familiares. Vencer os medos que rodeiam seus pensamentos realmente se trata de uma tarefa árdua e desgastante; fica paralisado diante de movimentos percebidos como ameaçadores.

2) Extremamente reservados

Pelos medos constantes de ser criticado ou ridicularizado, são pessoas muito reservadas. Pouco falam sobre si mesmas e resistem que relacionamentos ganhem intimidade. Dessa forma, evitam celebrações ou ocasiões que favoreçam a proximidade, como por exemplo conhecer a família de seu parceiro ou frequentar sua casa.

O que é personalidade evitativa?

3) Autoavaliação negativa

A percepção de si mesmo vem sempre carregada de baixa autoestima e muitas críticas, contribuindo para uma autoavaliação de alguém sem atrativos, incapaz e inferior. Sua autoavaliação reforça ainda mais seus temores sociais, fazendo com que se torne muito difícil aumentar seu círculo social ou aceitar oportunidades.

Quando é percebido por suas qualidades, sente-se desconfortável e constrangido, tendo dificuldades de aceitar promoções no emprego, por exemplo. Desmarca entrevistas em cima da hora, se esquiva de encontros com diferentes justificativas, mas a razão é sempre a mesma: sentir-se inadequado e temer a crítica e desaprovação dos outros.

Transtorno de personalidade evitativa: diagnóstico e tratamento

Todos esses fatores têm implicações severas no desenvolvimento pessoal e profissional da pessoa. O transtorno de personalidade evitativa frequentemente é diagnosticado junto ao transtorno de personalidade dependente, por tornarem-se dependentes dos poucos com quem constroem vínculos.

Também costuma haver comorbidade (duas ou mais doenças relacionadas) com o transtorno de personalidade borderline, já que sua autoestima fragilizada contribui para a vulnerabilidade em relação às críticas e temores sobre si mesmo quando o assunto é sua relação com o mundo.

É indicado que pessoas com esse transtorno de personalidade realizem acompanhamento psicológico desde as primeiras manifestações dos sintomas, para que seja possível atuar na construção de sua autoestima. Isso é o que favorecerá a segurança necessária para tomada de decisões, além de promover a interação social e afetar positivamente na qualidade dos pensamentos.

A ausência do acompanhamento psicológico contribui para que o quadro se agrave, tornando a pessoa mais suscetível ao desenvolvimento de transtornos de ansiedade como fobia social, agorafobia e síndrome do pânico, além de quadros de depressão.

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Maitê Hammoud
maitehammoud@hotmail.com