Depressão na adolescência
Saúde mental ainda é um tema que está associado a diversos tabus na sociedade moderna. Aos poucos, campanhas de conscientização e o fácil acesso à informação que as novas tecnologias promovem vem tornando possível que preconceitos que rodeiam o tema comecem a ser deixados de lado. Porém, ainda há muitos tabus que precisam ser desconstruídos, principalmente quando falamos de depressão na adolescência.
Depressão na adolescência: é possível?
É de senso comum, e até mesmo cultural, a ideia que grande parte dos adultos tem sobre os adolescentes: que são dramáticos e instáveis, que seu mundo desaba por pequenos problemas… enfim, que são, em alguns casos, verdadeiros “aborrecentes”. Mas será que todas estas alterações, e até mesmo a falta de interesse ou apatia, são características dessa fase?
Uma pesquisa recentemente realizada pelo psiquiatra Rodrigo Machado Vieira, da Universidade do Texas, comprovou justamente o contrário:
O desenvolvimento da depressão torna-se mais propício durante a adolescência. O estudo demonstrou que 7 em cada 10 casos do transtorno ocorrem antes dos 24 anos.
As razões foram atribuídas principalmente ao desenvolvimento neurológico que ocorre até os 24 anos, alterações hormonais e a intensidade das emoções, característica desta fase do desenvolvimento.
Durante esse período da vida, vale ressaltar também como fatores que contribuem para o desenvolvimento do transtorno:
- dificuldades de perspectiva a longo prazo,
- imediatismo,
- conflitos emocionais,
- instabilidade,
- sensação de viver em uma “montanha-russa”, com muitos altos e baixos.
A manifestação dos sintomas costuma ser percebida por pais ou professores, porém, por serem vistos como características comuns dessa fase de desenvolvimento, a busca por apoio profissional e tratamento é bastante baixa, favorecendo a evolução do quadro e ampliando os prejuízos físicos, emocionais e sociais.
É comum que os pais resistam, que demorem a buscar tratamento ou assumam a ideia de que os adolescentes não têm problemas suficientes para desenvolverem depressão.
Mito! Adultos podem passar por problemas de alta complexabilidade e ainda assim não desenvolverem o transtorno, assim como o inverso também pode ocorrer, logo, com os adolescentes, não poderia ser diferente.
Por ser uma doença psicossomática, na depressão ocorrem tanto alterações fisiológicas como psíquicas. Desta forma, o desenvolvimento do transtorno pode não ter qualquer relação com a vivência de um evento traumático ou contato com problemas de alta complexidade. Não se trata de uma equação de causa e efeito e, uma vez que manifesta, requer tratamento.
Sinais de depressão na adolescência
Durante a adolescência, alguns sinais podem indicar a presença do transtorno:
- queda das notas escolares
- humor deprimido ou apático
- isolamento social
- atividades ou grupos que antes eram prazerosos e deixam de ser
- labilidade emocional
- baixa autoestima
- sentimentos de inadequação
- questionamentos sobre seu valor ou função no núcleo familiar ou social
Como ajudar um adolescente com depressão?
Por se tratar de uma doença psicossomática, o tratamento indicado costuma envolver acompanhamento psiquiátrico e psicológico. O suporte medicamentoso pode ser necessário para estabilização e bom funcionamento do organismo, enquanto a psicoterapia favorecerá o processo de autoconhecimento, fortalecimento emocional e resolução de conflitos.
A avaliação e o início precoce do tratamento favorecem o prognóstico, reduzindo prejuízos e sofrimentos desencadeados pelo transtorno. Na presença de algum dos sintomas mencionados, não deixe de procurar ajuda!