Por que insisto numa relação infeliz?

Considerando que nos envolvemos em relacionamentos afetivos apenas por razões positivas e prazerosas, o que nos mantém em um relacionamento infeliz, com alguém que nos faz sofrer?

Quando o tema envolve amor e relacionamentos, ficamos diante de inúmeras questões e possibilidades por ser um tema muito complexo. Quando felizes o tema já envolve complexidade, mas, o que pode envolver e contribuir para que se permaneça em um relacionamento infeliz?

Por que permanecer em um relacionamento infeliz?

Culturalmente e por instinto dos cuidados com nosso bem estar, buscamos relacionamentos afetivos com o objetivo de termos companhia, acolhimento, troca. Desejamos um companheiro para dividir nossas alegrias e nossas angústias, parceria para estruturar e realizar sonhos e planos, mantermos intimidade e usufruir do prazer a dois.

Mas considerando a busca por aspectos tão positivos que envolvem relacionamentos, o que poderia envolver em nosso íntimo a permanência em uma relação que nos faz sofrer?

Considerando a complexidade que esta passividade possa demonstrar, a seguir descreverei alguns pontos que podem estar relacionados.

Baixa autoestima

Muitas pessoas sofrem com aspectos de baixa autoestima, constantemente sofrendo por temores sobre suas qualidades e seu potencial. A autodepreciação acompanhada de medos diversos, levam aqueles que sofrem com baixa autoestima a tomar decisões e encerrar relações mesmo diante da dor e sofrimento, principalmente pelo temor de ficarem sozinhos.

Dependência emocional

O aspecto de dependência, além de envolver aspectos de baixo autoestima, costuma estar combinado com um parceiro que possua um perfil manipulador, imponente e até mesmo passivo agressivo. Mesmo diante da dor e do sofrimento, o parceiro costuma manifestar no outro questionamentos sobre si próprio, motivar culpa, medo e nutrir crenças de que na sua ausência o outro se verá encurralado ou destinado ao sofrimento e/ou arrependimento.

Relação infeliz

Idealização

Comum aos apaixonados e aos que possuem uma personalidade teimosa, a idealização costuma ocorrer no início do relacionamento onde, por efeito de inúmeras liberações neuroquímicas, tendemos a perceber em nosso parceiro apenas qualidades que consequentemente nutrem a ideia de realização e satisfação. O tempo e o convívio fazem com que a pessoa “dos sonhos” se torne real e nem sempre ela se aproxima do que idealizamos ou consideramos adequado para manter um relacionamento saudável a longo prazo. A dificuldade de admitir para si mesmo que a percepção idealizada inicial não está mais presente também pode ser um fator para ser considerado a permanência em relacionamentos que não nos fazem felizes.

Status

Pode parecer um fator muito superficial, porém o status de ser comprometido muitas vezes é justificativa para permanecer em um relacionamento infeliz. Pessoas com personalidades frágeis ou inseguras tendem a sofrer com temores intensos de julgamentos, seja de seu núcleo familiar ou social. A possibilidade de assumir o status de “solteiro(a)” pode ser associado ao fracasso, vulnerabilidade e, consequentemente, a razão de permanecer em um relacionamento infeliz.

Comodismo e medo de mudanças

Mudanças em geral sempre são sentidas por nosso corpo e nossa mente de forma muito estressante. Imaginar implicações que possam envolver o fim de um relacionamento pode ser a razão de permanecer em uma relação que não faz mais sentido, perdurando a segurança, mas também o desconforto.

Aceitação

Existem relacionamentos que podem ser considerados extremamente bem sucedidos, mas que, ao longo dos anos, com tantas mudanças de planos e afinidades que o tempo e a experiência proporcionam e interferem a ambos do casal, o relacionamento pode deixar de ser prazeroso. Mesmo diante do desconforto e desejo de mudanças, algumas pessoas tendem a ter imensa dificuldade na aceitação de que a relação terminou por consideração e apego as boas memórias.

Conflitos e empoderamento

Todos os sintomas físicos como a dor ou a febre possuem a função de nos comunicar e tornar consciente um funcionamento anormal de nosso corpo. A dor emocional, a tristeza e infelicidade possuem a mesma função: nos comunicar e tornar consciente de que algo está errado e demanda cuidado ou ajustes.

Romper vínculos, encerrar relacionamentos, lidar com novas possibilidades e encerrar ciclos pode ser assustador, mas é absolutamente necessário para o nosso desenvolvimento pessoal, evolução e possibilidade de usufruir de um relacionamento saudável que permita realização e satisfação.

Se você se identificou com alguma das reflexões acima ou se questiona o que a mantém em um relacionamento que lhe faz sofrer, não deixe de procurar ajuda de um psicólogo.

Por ser um processo de autoconhecimento e fortalecimento emocional, a psicoterapia poderá auxiliar a elucidar questões, ressignificar medos e empoderar para tomada de decisões.

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Maitê Hammoud
maitehammoud@hotmail.com